segunda-feira, maio 16

Última do Gato




Pronto, até parece que não tenho mais assunto. Prometo ser breve e não tocar nesse tema por muito tempo. Bom, se acontecer algum fato novo, inusitado, serei forçado a dividi-lo com você, pois guardar palavras é deixá-las partirem sem rastro ou lembrança e isto não posso fazer. Assunto? O gato. O cara está literalmente enchendo meus cadernos de notas com as confusões em que se mete. Como ficar preso entre as folhas das janelas.

Já tentou fazer um gato filhote andar de fasto? Acostumou-se a entrar e sair por janelas. Outro dia, para me acompanhar, correu com tudo e aos saltos deu com a testa em vidro fechado. Inexplicável o espanto. Hoje, antes de tentar salto triplo, passa a pata para saber se tem obstáculo. Só vendo.

Fui às compras. Lista pequena, consumo pouco, aprendi a duras penas evitar desperdício. Acostumado estava a comprar para muitos. Comprar para um não é fácil. Confesso que perdi muita coisa que, infelizmente, foi para o lixo, perdido.

Para facilitar minha vida, trato Gato com ração. Não gasto com latinhas e saches de dose pouca. Pensa o quê? A indústria de pet movimenta algo perto dos R$ 14 bilhões ao ano. Isto num País quebrado como o nosso e onde culturalmente as pessoas acostumam mesmo é tratar bicho com resto de comida.

Tem de tudo. Brinquedinho besta e pedagógico (?), cama produzida, joias, roupas, coleiras, cobertores. Longe de mim tais badulaques. No item alimentação é uma loucura. Há osso para cães, ração para bicho filhote, jovem, erado, diabético, com alergia a glúten ou intolerância a lactose, ração em grão, farinha, com formato de pelotinha ou pelotão, ossinho, coração. Complexos vitamínicos e minerais. Se brincar tem mais coisa para bicho bicho do que para bicho gente.

Marinheiro de primeira viagem pelo mundo gastronômico dos felinos, lá vou eu a ler rótulos. Composição, modo de uso e sabores. Ah, os sabores! Tem com sabor frango, carne bovina, peixe, legumes com salsicha. Natureba deve pirar, pois não achei uma sequer que não tivesse alguma carne. Fiquei a pensar.

A maioria das pessoas que se dizem naturalistas, ecologicamente corretas, protetoras de bichinhos, tem algum bicho em casa, será que eles olham isso na hora de comprar ração? Ou é pecado, crime hediondo, passaporte para o inferno, ecologicamente incorreto, apenas humanos matarem bichinhos para comer? Fazer ração pode? Claro, nada de generalizar, porque não sou assim, mas conheço dos dois tipos. Daqueles que racionalmente vivem e deixam viver e daqueles que fazem abaixo-assinando na web para proibir índio de usar pena de arara, resumo: os chatos.

Sabe, depois de muito pensar e ver Seo Gato atacar prato de ração, independente do sabor, desde que tenha gosto de carne, acho que encontrei a solução para todos agradar. Por que não criam a ração sabor rato? Seria uma forma de controlar este bicho tão asqueroso quanto perigoso para gentes e outros bichos, e agradaria em cheio a espécie miante do planeta. Ou será que há algum grupo, ONG ou seita protetora dos ratos? Os da Índia não contam!


Jornal Correio de Uberlândia 15 de maio 2016








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