segunda-feira, setembro 19

Correr






Longe de mim campear seara alheia, principalmente, quando se trata de corridas. O grande maratonista Nilson Lima, a quem todos admiramos, é o mestre na arte. Eu, um mero aprendiz.

Há menos de seis anos, fui contaminado pelo prazeroso esporte. Nada de competir com ninguém. Minha luta é comigo mesmo, baixar tempo, melhorar resistência e tais. Não, não sou a dedicação em pessoa, não me alimento como deveria, treino sozinho e sem muita técnica. Corro porque gosto, me dá prazer e porres “endorfináticos”. Corria todo dia e depois completava com uma malhação básica, para fortalecer, principalmente, panturrilha, joelhos e tornozelos.

Tudo ia muito bem obrigado, até que em check-up anual descobri que meu CPK estava nas alturas. Na verdade, até então, nem sabia que tínhamos esse tal de CPK, que para mim soava mais com formulação de adubo tipo NPK 4.14.8. A causa de tal elevação, segundo o meu nefrologista, um super e dedicado profissional, estava clara: excesso de esforço físico. Eram quatro dias de corrida e dois a puxar ferro por semana. Sentia-me bem no peso e me dava ao luxo de tomar minha cervejinha fim de semana, sem culpa. Bastou um descanso de cinco dias e o tal voltou aos níveis normais.

E agora, José? Como refazer uma rotina de atividades para que a tal “creatinofosfoquinase” (é esse o nome do trem), mantenha-se em níveis que não me prejudiquem? Como fazer para não parar com tão prazerosa atividade?

Sim, diminuí radicalmente os treinos, tanto em quantidade quanto em tempo. Se corria 15 km, hoje corro cinco. Se treinava seis dias por semana, tento me satisfazer com quatro. O body pump está suspenso até segunda ordem, viu Carlinha?

Quanto aos outros dias, aqueles parados, fico parecendo cavalo de corrida em brete de largada. Não que eu seja um grande corredor, longe disso. Para usar ainda a linguagem do turfe eu poderia ser chamado de matungo ou mesmo um erado redomão, que corre por instinto, sem muita doma.
Puro impulso espontâneo, repito. Correr é prazer e pronto. Se não fazemos nada somos preguiçosos sedentários. Já fui assim tempos atrás. Até pagava menino para correr para mim. Se nos exercitamos muito, aparecem indicadores que te colocam em risco.

O tal equilíbrio. Como encontrar o ponto certo, a medida que supre o prazer de fazer e não o ameaça com mal pior? Poderia culpar a idade. Conversa. Nosso grande José Gama, do alto de seus 81 anos, está aí firme, correndo todo dia e foi homenageado em 11 de setembro com uma corrida maravilhosa. Merecedor de toda honra e pompa. Foi uma grande festa. Nosso queridíssimo e fera “Dez” beira a faixa etária do Gama, assim como tantos outros na casa dos “enta”.

Não, queridos amigos, a idade não é culpada. Enganam-se aqueles que pensam que vou parar. Vou nada. Asfalto, terra, trilha e serra sigo correndo, trotando nem que seja como o velho Rocinante de Dom Quixote.

Mas isso me lembra uma história contada, ocorrida lá pelas bandas de Sacramento. Dois irmãos a colocar atenção em calçadão de parque, em final de tarde:

— Mano, cheguei à conclusão que correr ou caminhar engorda e envelhece.
— Como assim? É justamente o contrário, retrucou o mais moço.
— Ah é? Põe tento aí no parque! Quem você vê correndo ou caminhando? Só idoso e obeso!

É o horário amigos! E que bom que estejam lá buscando qualidade de vida.
Vamos correr moçada, pois só faz bem. CPK prá PQP !






Jornal Correio em 18 de setembro de 2016

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