segunda-feira, fevereiro 6

Envelhecer

 Pois assim é. De tempos para cá ando a pensar no tal do envelhecer. Absolutamente não, nada me diz respeito diretamente apesar de me saber em constante mudança de era. Isso, o início da contagem dos anos já se vai longe, mas nem tanto assim. Acostumei a buscar a marca do tempo nas outras pessoas. Quando você fica muito, muito tempo sem encontrar alguém e do nada topa com ele, ou ela, as manifestações são mais marcantes. É cada susto que só.


A mais bela e cobiçada da rua, dono de sonhos e desejos de tantos, como flor de sete-copas murchou, amarelou a pele, o sorriso e este dói, ficou pálido. São alguns casos isolados te garanto. Para algumas gentes o tempo é extremamente generoso e com o seu passar estas pessoas ficam cada vez mais bonitas, pele linda, sorriso radiante. Tudo haver com modo de vida e aqui não me remeto a alimentação regrada, exercícios físicos diários que tem sim sua função de inegável preservar, nem conto de medicamentos milagrosos vendidos em cápsulas ou garrafadas. Falo do coração. Não do coração anatômico que faz circular e trocar o sangue, encher átrios, ventrículos, válvulas mitrais , veias cava e, por vezes, pontes e stends.

Não. Refiro-me ao coração poético, benfazejo, que dói de amor e não de enfarto, que pára de paixão e não na morte física. Refiro-me ao coração da sensibilidade, da afeição, do amor. Quem tem este acesso pulsando é eterno jovem. Pode até envelhecer, mas é lento e quase imperceptível. Repare quem ama e quem vive paixão. É diferente. Mais leve, mais sorrisos, menos desatento com as coisas do mundo. Passarinho é lírico, caramujo simpático, borboletas bailarinas.
Que todo ser vivente envelhece é fato, mas como o fazem é que é fita.

Ódios, rancores, sentimento de vingança. Inveja, medo, ganância. Bebem dessas águas e envelhecem feios e solitários.
E por falar nisso, hoje ouvi frase ótima sobre beleza e feiúra. Conto: “Gente feia é igual gente bonita, só que feia”.
Contam com muita propriedade que as três causas principais de mortes entre os erados são: tombo, friagem e caganeira, nessa ordem. Cuide-se pois e deixe a poesia te levar, o amor de preencher, o sorriso te iluminar. Que vai morrer, a lá isso vai, mas tenha certeza, vai demorar um cadinho mais. A escolha é sua. No mais, Gerais.







Publicado em Uberlândia Hoje 05 de fevereiro de 2017

Nenhum comentário: