segunda-feira, janeiro 23

Torneira

Nada melhor nesse mundo do que amigos daqueles que você pode contar sempre, em qualquer situação ou embaraço. Conhecidos milhares, amigos poucos. Pois foi exatamente um amigo a me convidar para seu aniversário.
Sabedor do dia exato, botei algum estranhamento apenas no horário: meio do dia de uma bruta sexta-feira. Bom, pensei, assim seja, chego pouco mais tarde e saio direto do trabalho para lá almoçar em festa.

Feito. Cheguei com sol a pino, presente na mão e fome de anteontem, como cantou Chico. Não, não seria feijoada, mas churrasco e um suculento pernil assado.
Toco a campainha meio sem graça, pois a festa seria em casa de outro. Nada não. Logo fico sabendo que a festança seria sábado, ou seja, cheguei vinte e quatro horas adiantado. Tirando a vergonha passada ganhei foi muita boa prosa e disposição para ajudar no temperar pernil, o que na realidade não ocorreu. A irmã do agora amigo em comum o fez sozinha.

O ambiente da casa merece um detalhado descrever. Ficaria horas pormenorizando as belezas de uma ilha verde bem no centro da cidade. Quem está dentro se vê na mata, quem está fora nada vê. Muita planta e água de um azul infinito a jorrar de mina incessante. Passarinhos aos montes e, para meu deleite, uma colônia respeitável de morcegos, moradores permanentes da varanda. Morcegos polinizadores, mansos a fazer o eterno preservar e multiplicar da vida.

Ali ficamos a conversar e degustar saborosa cerveja até a boca da noite nos engolir mansa. Nada de acender luzes. Só no breu total estratégicas luminárias concederiam aspecto mágico ao frondoso jardim e à piscina.
Saí encantado esperando o novo dia.
Assim feito, sábado começou cedo naquele paraíso.
Boa música ofertada por outro amigo, mestre DJ de bom gosto inquestionável. O dia passava manso e divertido.
Todos sabem o resultado mais cedo ou mais tarde de uma cerveja. Isso, xixi.

Levantei tranquilo e fui ao banheiro para desbeber. Feito e aliviado fui lavar mãos. Aí meu caro, me deparei com a pia e sua torneira. Olhei bem para a dita sem entendê-la. Uma torneira será sempre uma torneira, por mais diferente que possa parecer. Não me fiz de rogado e levei a mão para abri-la. Convém contar que não era daquelas de torcer para direita ou esquerda. A manopla era reta.
Levei para um lado, nada. Levei para outro e que água que nada. Olhei para os lados já pensando no alívio de que não havia ninguém a me ver. Com olhos atentos me coloquei a observar aquele desafiador pedaço de metal, a me fazer de completo besta. Perguntar a alguém que sabe? Nunca! A gozação iria durar dias.

Não poderia ser passado para trás por uma simples torneira. Nem tão simples assim, cá prá nós. Desse modo o tempo ia ligeiro, até outro apertado à porta do lavabo bater. Era tudo ou nada. Impaciente, mas sem raiva, bati a mão naquele pedaço de metal a me fitar. Olha só! Água abundante a jorrar. O jogo era este. Para cima abria, para baixo fechava. Para cima e à direita água quente. O contrário, água fria.
Mãos lavadas e perfumadas saí à luz do dia como quem sabe tudo. Pensei no coitado do próximo a entrar. Ou seria só eu o dessabido?

Assim ficou mais uma aula de que pouco de quase nada sabemos. Precioso esse nosso viver.
De torneira lição, só para quem bem quer aprender, se assim não for vai-se em vazio e mãos sem lavar.

Para encerrar o prazeroso dia só mesmo um indescritível arroz com linguiça com direito a fantástica aula de culinária recheada de segredos dignos dos melhores chefs do mundo, caprichosamente produzido por outro novo amigo.






Publicado em Uberlândia Hoje em 22 de janeiro de 2017

quarta-feira, janeiro 11

To carná or not carná

"Quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé"
Acordei com esse trechinho de Samba da Minha Terra do genial Dorival Caymmi criado em um longínquo 1940.

A polêmica do momento é ter ou não ter carnaval em nossa querida Uberlândia, machucada, tristonha, deitada em leito de UTI em sofrimento depois de tão maltratada, chagas abertas para quem quiser ver.

Em época de vacas magras faz-se festa monumental de aniversário para filho? Acho que não. E por isso deixamos de gostar menos do filho? Nunca. Sim dói, nos sentimos os piores seres do mundo, mas engolimos seco, colheita e fartura virão, assim como aniversários. Conversamos e rola um bolo, se der uma jarra de Q-suco. Muitos parabéns e beijos de verdadeiro amor. Quanto os fatos são explicados, ninguém vai para terapia por conta de uma festa perdida.

Acho até que não sou mal sujeito mas querem saber? Estou momentaneamente doente do pé e muito ruim da cabeça. Não posso imaginar festa em sala de espera de unidade intensiva.

Vamos reerguer nossa amada cidade, vamos devolver à nossa gente a alegria e orgulho de viver em cidade bela, "plena de sol, sem chaminés ou fumaça" como cantando em Terral de Fagner e ai sim festejar com a alegria de tamborins, caixas. Dedos ligeiros a vibrar melódicas cuícas, agogôs e reco-recos.
Surdo e repique a dominar uma avenida vibrante de alegria e com a certeza de poder voltar para casa sem riscos de cair em buracos, que seus filhos estão sendo bem cuidados em creches e escolas públicas de qualidade, que a medicação da avó, da tia do neto, do filho de todos estará nas prateleiras . Utopia? Acho que não, quem viver verá.
Verá muitos carnavais, muitos sorrisos muita alegria.
Hoje não. Tenhamos paciência. O impossível pode-se fazer, milagre demora um pouquinho mais.

Vamos juntos, poder público e nós cidadãos fazer Uberlândia brilhar em carro abre alas e muitos carros alegóricos, muito trabalho pela frente e depois, ai sim muitos carnavais, natais luzes e tais.
Me veio um lampejo. Gostamos tanto assim de carnaval? Está tão entranhado na nossa cultura popular como na Bahia, em Olinda, em maracatus de São Luis, ou o Carnaboi de Manaus?
Ou temos carnaval de rua, blocos, fantasias, alegria espontânea como Ouro Preto, São João del-Rei e tantas outras?

Sem custo, fechar trecho de avenida e pronto o povo faz sua festa sem a dependência paternal do estado. Cria-se nossa Praça Castro Alves e ali, para os que gostam que façam ordeira e pacificamente sua manifestação carnavalesca. As finanças públicas agradecem, e o povo faz a festa.

Sim sou ruim da cabeça quando se trata de assunto que dizem respeito à coletividade. mas recursos públicos para carnaval em plena crise?  Educação, Hospital Municipal a pleno vapor, salários, atendimento integral à população em todas as áreas ai sim. Tudo no lugar então carnavais a mil. Antes? Não mesmo!
Tenham dó. Mão na consciência gente. Mão na consciência

" Este ano eu vou sair de buda
A minha fantasia ninguém muda
Mexe o buda pra cá
Mexe o buda pra lá
O que eu quero é rebolar

A minha fantasia de buda
Foi um presente do sultão de lá
Mas se esse ano chover
A minha buda
Vai encolher "

Marchinha carnavalesca de domínio público antiga que só






Uberlândia Hoje  15 de janeiro de 2017


Post Scriptum: Este texto não foi revisado, nasceu assim em desabafo, erros? Me contem por favor

segunda-feira, janeiro 2

Voltamos

Depois de quatro anos fora do ar, sem divulgar ações de nossa Secretaria Municipal de Saúde estamos de volta a todo vapor.
Os motivos que nos levaram a esta parada não merecem ser nem mencionados, todos já sabem.
Começa um período de reconstrução, de retorno.
A nossa eterna paixão pelo fazer renasce!
Feliz ano novo a todos !
2017 é um marco de esperança, de mudanças para melhor!

Palavras de ordem ? TRABALHO DURO, RECONSTRUÇÃO, ESPERANÇA !

Nosso endereço: Blog da Saúde de Uberlândia